Futebol & Sociologia

 

©Copa 2014 Brasil, Fonte Nova, Salvador - BA 

 

-2020russia
2010africa
-2006alemanha
2002corea
USA94
-Italy90
Mexico86
Espanha82
Argentina78
-Germany74

       O futebol agora é uma paixão global. Da Europa, onde é sua casa, para a América Latina, via África, apenas os Estados Unidos parecem escapar parcialmente dela. A cobertura da mídia sobre o esporte também revela as importantes questões econômicas a ele ligadas. A cobertura mediática do futebol durante as Copas do Mundo, revelando as somas colossais envolvidas e a extensão da mobilização desse esporte espetacular, deu origem a dois campos com opiniões antagônicas. Por outro lado, os detratores do futebol denunciam o “futebol como ópio” que aliena os espectadores, monopoliza suas consciências com futilidades, desviando-os do essencial. Por outro lado, os adeptos do futebol veem nele a exaltação dos valores universais, a reunificação dos povos, apagando as diferenças, procurando a pacificação das nações. Em todo caso, essas posições extremas atribuem ao fenômeno do futebol um poder de ação sobre a realidade.

   Podemos atribuir tal poder a uma atividade que à primeira vista é apenas um aspecto da economia do prazer? A escala do fenômeno futebolístico deve nos dar a intuição da existência de um significado oculto por trás da excitação puramente sensorial desencadeada pela atividade do espectador? Vamos levar a festa a responder afirmativamente e a explorar esta intuição analisando a relação espectador/espetáculo. O espetáculo de futebol sem dúvida suscita fortes emoções, mas talvez também transmita valores e ideais por meio de sua encenação e de sua codificação. Na outra direção, o espectador não é necessariamente passivo, ele não sente o espetáculo. Tentaremos determinar em que medida contribui para a sua construção e de que forma se apropria tanto das apostas como do jogo.

    A BROHM desenvolveu uma análise crítica do esporte de alto rendimento. Tanto como espetáculo como atividade, os desportos de base, e em particular o futebol, têm a função de instrumento de dominação; ao ocultar sob um véu de ignorância a verdadeira natureza das relações sociais existentes, ele direciona a agressividade dos indivíduos e das massas populares para objetivos que se adaptam às classes proprietárias capitalistas e ao Estado, e assim servem como seus revezadores. Apresentam, portanto, exemplos edificantes de instrumentalização do desempenho esportivo por regimes autoritários.

   Porém, EHRENBERG especifica que, se o futebol é um ópio do povo, sua eficácia é duvidosa, pois muitas vezes tem sido palco de demandas sociais. A razão de ser do futebol não seria, portanto, tão facilmente redutível a uma função de alienação e controle social.
    Mas então como entender que o espetáculo de 22 jogadores em que os jogadores estarão lutando pela bola pode despertar tais paixões?

ELIAS acredita que “o conhecimento do desporto é o conhecimento da sociedade”. para responder à questão recorrente que se questiona saber se o futebol é apenas um eterno retorno da barbárie ou uma conquista da modernidade, desenvolve uma comparação histórica, o pólo oposto da suspeita crítica, segundo a qual o advento do futebol é um aspecto do processo de “civilização dos costumes”. “Assim como os jogos de estádio são menos cruéis do que os antigos jogos de estádio de circo, os esportes de equipe modernos são inquestionavelmente mais civilizados do que seus ancestrais populares”. Entre o jogo popular e o desporto, Elias revela uma série de rupturas significativas que incluem a separação nítida de espectadores e jogadores ou o apagamento pelo uniforme da origem social dos jogadores.

É em torno dessa virtude da igualdade, dos despojados, do tempo de jogo, das características de seu ser social, pois a igualdade de direitos dos eleitores se postula por sufrágio universal que se articulam em múltiplas análises, ou opondo-se à corrente crítica, segundo o qual o esporte reflete a implantação da concepção moderna de indivíduo. Assim, no Brasil ou na Argentina, ou na África por exemplo, o esporte é o único espaço onde o filho do povo pode escapar de seu destino.

A popularidade do esporte como espetáculo está em sua capacidade de incorporar o ideal democrático de que “qualquer um pode se tornar qualquer um”.

Segundo BROMGERGER, o sucesso particular do futebol em relação a outras modalidades poderia então ser explicado pelo aprendizado meritocrático da decepção comum que, simbolicamente, representaria “o destino incerto dos homens no mundo contemporâneo”; pela identificação de que uma equipe onde as tarefas são divididas para a máxima eficiência permitiria que o típico espectador (operários, funcionários) saísse da fábrica ou do escritório; por, finalmente, o importante lugar deixado ao acaso no jogo que ofereceria um “espaço de discussão” onde os espectadores colocariam a responsabilidade por seus fracassos e infortúnios na “maldade alheia”, injustiça ou destino.

Por outro lado, BROMBERGER insiste no fato de o torcedor ser fortemente convidado a tomar partido, já que esta é uma das condições quase necessárias para sua participação nos sentimentos coletivos. O time de futebol sendo, segundo ele, “um símbolo muito plástico capaz de acolher os mais contrastantes sonhos de organização social da vida coletiva”; os espectadores enfileirariam-se em acampamento, de acordo com os elementos à sua disposição: afinidades de ideias, identidades locais ou afiliações nacionais.

Em nossa pesquisa, buscamos construir uma amostra inicial a partir dos diferentes “atores do sistema” para produzir uma tipologia do espectador nesses diferentes universos de socialização.

Em um segundo momento, partimos para determinar variáveis ​​independentes a fim de operar com classificação cruzada (usando a ferramenta de computador SDT) para tentar definir correlações.

A - a partir de nosso questionário, determinamos quatro variáveis ​​explicativas
              - 1 - Consumo diário de televisão 
              - 2 - Posse do Canal + (canal pago)
              - 3 - Idade
              - 4 - Situação profissional e diplomas

 Portanto, a partir dessas quatro dimensões, tentaremos levar em conta as variações das variáveis ​​dependentes.

- A idade não gera diferentes tipos de apoiador? Ou seja, “a carreira de torcedor” passa por várias etapas? Ou podemos falar de uma construção da identidade do torcedor de futebol?

 - O futebol é um esporte de classe social? Apesar de tudo que pode separar socialmente dois torcedores de futebol, existem os mesmos interesses em um encontro? Este esporte exala os mesmos valores de dois indivíduos socialmente distintos?

 - Qual a influência da televisão no tipo de torcedor? Como você assiste a uma partida de futebol? Com quem? Com que frequência? E estamos todos interessados ​​no mesmo tipo de reunião?

 - A preferência por um canal de televisão não contribui para a produção e formação de um determinado discurso esportivo? Participar de jogos de futebol à noite na televisão com os amigos não é uma forma de socialização? Não ajuda a construir um universo de questionáveis? A posse do Canal + (canal pago) é realmente um sinal de distinção social desde um canal pago? ou não podemos antes encontrar por esse fator um grau mensurável em sua implicação para a paixão pelo futebol?

 Todo o desenrolar dos resultados do campeonato é apenas uma busca manifesta de exorcização do destino, mas o fato é que o futebol é produzido e organizado pela televisão e pelos meios de comunicação em sua generalidade (não podemos assistir a um telejornal que não termine com um resumo de eventos desportivos nacionais ou internacionais).

A abordagem hermenêutica que tentei usar neste trabalho não é a única forma de abordar o mundo do futebol. Percebemos a importância da televisão na construção do espetáculo e do espectador.

Assim, verifica-se que o olhar sobre o futebol é condicionado principalmente pela esfera midiática formando uma cultura e uma subcultura, esta esfera traz em jogo um duplo mecanismo para que os espectadores se reconheçam e se identifiquem e possam ver o futebol. A televisão dirige o olhar do espectador para o monopólio do futebol, ao mesmo tempo que lhe oferece uma grande diversidade na escolha e na forma de abordar este desporto e de aprender sobre este universo.

Definimos, portanto, um problema comum, embora tenhamos consciência da necessidade de refinar o nosso questionário: o consumo de televisão influencia o desenvolvimento da paixão pelo futebol?

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 BIBLIOGRAFIA FUTEBOL

 

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