Na minha família "Pieds-noirs", nos ANOUILH, deixamos a França no departamento de Ariège em 1810. Foi um primo da minha avó que começou a reconstruir a árvore genealógica da família.
Minha avó adorava nos contar esta história:
“Em 1810 foi nas profundezas do frio dos Pirenéus, num ano de grande fome nos interiores camponeses francês do Império Napoleónico, que a nossa família foi reconstituída:
- Há quem não quis ir embora, optou por ir mais para o Norte, pela região de Bordéus, para se aproximar de um clima mais favorável com os ventos atlânticos trazidos para a bacia de Arcachon. É por isso que ela também sempre disse que tínhamos pais escritores porque - Jean ANOUILH - vem de uma família de - Bordeaux -.
E deste acontecimento de grande pobreza que a família ANOUILH se dividiu em duas:
Foram formados dois campos, os ANOUILH “MARIN” & os ANOUILH “CULOTTE”.
Os ANOUILH “MARIN” optaram por embarcar para as Américas, na América do Sul, mais precisamente na Argentina, em busca dos grandes horizontes das estepes Andinas com as grandes extensões de terras pouco férteis, adequadas apenas para a criação pastoril, pelo contrário, das terras no Norte da Argentina e do sul do Brasil mais ricas reservadas para a criação extensiva de gado foram concedidas para as migrações mais recentes, como os “Pieds-noirs” do Norte da África após as guerras de independência. Os meus parentes colonos da parte das campanhas do Império Colonial e da França Antártica concederam terras nesta parte da Argentina nas terras "do fim do mundo". É por isso que até alguns escolheram o caminho do novo mundo com o sonho norte-americano.
Deste ramo da família perdemos completamente o contacto.
E os ANOUILH “CULOTTE” optaram por construir o seu caminho através do sonho napoleónico e do seu desejo de expensão no mundo oriental através da conquista, atravessando as terras para além do Mar Mediterrâneo, estabelecendo-se na Argélia, indo cada vez mais para o Sul em um terreno baldio e inóspito na fronteira do deserto em país berbere já adjacente à Cabília”.
©Mamie Anouilh.
Nessa história, adorei ouvi-la me contar o final, ela disse para terminar sua história... e com o caderno de nossa árvore genealógica da família em suporte de nossa herança familiar e cultural, com os nomes de Annabel e Fabien inscritos em suas enormes páginas repletas de nomes que são lidos desdobrando-se da esquerda para a direita.
Existe um “ANOUILH “CULOTTE” que nasceu “MARIN” e que assim permanecerá”.
Testemunho da história ORAL da minha família.
Mesmo que a veracidade dos fatos nem sempre corresponda à historicidade da história ensinada em ensino escolar. Estas são HISTÓRIAS contadas pelos meus mais velhos e nos foram contadas de geração em geração para se tornarem parte da herança de minha própria família.