São Cosme
São Cosme - Ibeji
Tourne, tourne, toupie de la vie,
Aide-moi à monter les escaliers de l’éternité
Pour rejoindre la cime argentée des étoiles
Et que la lumière infinie de ton solstice
Vienne éclairer les réverbères
Et la fraîcheur de la nuit.
Aujourd’hui mon cœur est assombri
Aujourd’hui mon cœur est gris
De ne pas vous voir aussi,
Mais demain qui sait si le soleil
Ne va pas nous rapprocher
Pour pouvoir nous toucher, nous retrouver...
Laisse-moi m’approcher de toi,
Laisse-moi graver ton visage dans mon inconscient,
Me battre contre toi pourtant serait de l’inconscience,
Mais je veux juste te voir pour au moins pouvoir te comprendre.
Mais pourtant, même si je ne te connais pas,
Je crois imaginer qui tu es, après tout tu n’as aucun visage,
Tu es sens, sang, couleur et tes mots sont ceux de quelqu’un de révolté,
Ta colère gronde sur nos vies
Parce que l’on n’a jamais su t’écouter
Parce que l’on ne t’a jamais éduqué, tu as toujours tout appris seul,
Parce que tu ne distingues pas toujours le bien du mal,
Tout est mélangé dans ta tête et tu prends souvent l’un pour l’autre
A la manière d’un dyslexique qui confond sa droite et sa gauche.
Quand tu penses un mot, tu en écris un autre,
Ou tu réinventes ton propre langage à chaque instant.
Tu jettes les mots sur le papier comme tu jetterais un pâté de ciment
Sur un chantier toujours en construction.
Pourtant je reste persuadé que c’est avec des erreurs que
L’on se construit et si on ne reste toujours que dans le vrai, Alors on ne progresse pas,
Nos vies sont inachevées et c’est à nous qu’incombe de les infléchir vers l’infini.
Chèr(e) Inconnu(e),
Je ne sais pas qui tu es, je ne sais pas si tu es une femme, un homme, si tu es un parent, un proche, si tu es de ma descendance ou un inconnu, si tu es Français, Brésilien. Je ne sais si tu existes ou si tu es le fruit de mon imagination. Je ne sais si j’écris pour toi ou simplement pour moi.
Tout ce que l’on laisse sur cette terre n’est que poussière et de poussière redevient terre. J’aimerais laisser quelque chose sur cette terre, léguer un trésor, laisser une trace de moi. Je ne sais pas si j’aurai des enfants un jour, si j’en ai, peut-être qu’ils ne seront pas la chair de ma chair.
Cependant, j’ai un trésor à dévoiler, une idée à défendre ; regarde tout ce que Pierre Verger a fait pendant sa vie, tous les voyages et les pays qu’il a parcourus.
Mais vraiment, je sais aussi que ce qu’il a laissé de plus beau c’est ce qui est à venir, ce qui est en train de naître, à savoir que c’est ce que représentent ces enfants qui jouent dans la cour de « l’Espace Culturel Pierre Verger », ce sont les voix de ces enfants qui chantent, qui jouent de la guitare ou qui dansent aux sons des percussions. Oui, parmi tout ce qu’a fait Pierre Verger, ce qui reste de lui est ce qui est en train de naître et de se découvrir au sein de sa Fondation.
J’aimerais faire de ma mère Cici la dépositaire de ce témoignage. Et un jour, cher(e) Inconnu(e), peut-être pourras-tu venir chercher ce témoignage en venant reprendre ce qui t’appartient déjà. Ce secret deviendra donc le tien, à toi seul(e) reviendra cette vérité. Avec mon statut de « chercheur » aujourd’hui, c’est-à-dire ce que je suis ici, je te transmets ce patrimoine qui te revient et à ton tour, c’est à toi de le réadapter et de le réinterpréter selon ton temps et ton époque.
São Cosme - Ibeji
Gira, gira, tupia da vida,
Ajude-me a montar as escadas da eternidade
Para alcançar o cimo prateado das estrelas
E que a luz infinita do seu solstício
Venha clarear os postes
E o frescor da noite.
Hoje meu coração está escurecido
Hoje meu coração está cinza
Por também não o ter visto,
Mas amanhã, quem sabe se o sol
Não vai se aproximar de nós
Para poder nos tocar, voltar a nos encontrar...
Deixe-me aproximar-me de você,
Deixe-me gravar o seu rosto no meu inconsciente,
Lutar contra você, no entanto, seria inconsciência,
Mas posso apenas vê-lo para ao menos poder compreendê-lo.
E, no entanto, embora eu não o conheça,
Acredito imaginar quem você é, afinal, você não tem rosto nenhum,
Você é sentido, sangue, cor e suas palavras são aquelas de alguém revoltado,
Sua cólera rosna sobre nossas vidas
Porque ninguém jamais soube escutá-lo
Porque ninguém jamais o educou, você sempre aprendeu tudo só,
Porque você nem sempre distingue o bem do mal,
Tudo está misturado na sua cabeça e você com frequência os confunde
Tal como um disléxico que confunde a sua direita e a sua esquerda.
Quando você pensa em uma palavra, você escreve outra,
Ou você reinventa sua própria linguagem a cada instante.
Você joga as palavras sobre o papel como se jogasse um monte de cimento
Sobre uma obra ainda em construção.
E, no entanto, continuo convencido que é errando que
Construímo-nos e se permanecermos somente no certo, não se progride,
Nossas vidas estão inacabadas e cabe a nós orientá-las para o infinito.
Caro(a) Desconhecido(a),
Eu não sei quem você é, não sei se você é uma mulher, um homem, se você é um parente, um próximo, se você é da minha descendência ou um desconhecido, se você é francês, brasileiro. Eu não sei se você existe ou se é fruto da minha imaginação. Não sei se escrevo para você ou simplesmente para mim.
Tudo o que deixamos nesta terra não passa de poeira e, da poeira, volta a se tornar terra. Gostaria de deixar algo sobre esta terra, legar um tesouro, deixar um vestígio de mim. Eu não sei se terei filhos um dia, se tiver, talvez eles não sejam a carne da minha carne.
Entretanto, tenho um tesouro a revelar, uma ideia para defender; olhe tudo o que Pierre Verger fez durante a sua vida, todas as viagens e os países que ele percorreu.
Mas realmente, eu também sei que o que ele deixou de mais belo é o que está por vir, o que está nascendo, a saber, justamente o que representam estas crianças que brincam no pátio do “Espaço Cultural Pierre Verger”, são as vozes dessas crianças que cantam, que tocam violão ou que dançam aos sons das percussões. Sim, em meio a tudo o que fez Pierre Verger, o que resta dele é o que está nascendo e sendo descoberto no seio desta Fundação.
Gostaria de fazer da minha mãe Cici a depositária deste testemunho. E um dia, caro(a) Desconhecido(a), talvez você possa vir buscar este testemunho, vindo retomar o que já lhe pertence. Este segredo se tornará então seu, somente a você caberá esta verdade. Hoje, com o meu status de “pesquisador”, ou seja, o que sou aqui, eu lhe transmito este patrimônio que lhe cabe e, a seu turno, será a sua vez de readaptá-lo e de reinterpretá-lo em função do seu tempo e da sua época.