Paris, cidade luz


 ©Deiziane Oliveira Santos / Fabien L.,

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Já há algum tempo que estou em Paris, não pude deixar de mencionar isso no meu blog.

Paris, cidade natal de Pierre FATUMBI Verger e muitas lembranças da minha vida pessoal.

Esta cidade me é desconhecida, foi o ponto de encontro dos meus pais, foi o ponto de encontro de dois franceses não nascidos em França num processo de homogamia.

Minha Mãe nasceu em solo da Argélia colonial francesa de onde saiu aos 16 anos por causa das guerras de independência e o Franco-Brasileiro Alain Georges é de origem francesa em solo Brasileiro no Rio de Janeiro com a chegada do meu avô paterno neste região na década de 1930. O princípio da homogamia no casal não ganha vida apenas na forma do K-capital, é também fruto objetivado de representações sociais e culturais (Réf: Pierre Bourdieu).

Eles se conheceram em Paris durante suas vidas estudantis na década de 1960. Este grande período de consciência renovada em nível internacional das gerações da década de 1960 com as primeiras revoluções estudantis de maio de 1968 sobre a crítica às sociedades de consumo nos países do "hemisfério norte". Em relação aos “30 Gloriosas” após a Segunda Guerra Mundial e à emergência do pós-colonialismo nos países emergentes.

Neste processo, mesmo o Brasil não sendo mais um país colonizado, esta revolução continuou a ser um evento fundamental de conscientização e libertação do povo Negro do Brasil, assegurado pela descolonização do continente africano.

Por isso tenho orgulho que meu Pai, Balbino*[1] Daniel de Paula, OBARAYÍ, tenha participado dessa conscientização como um dos agentes fundamentais desse posicionamento crítico e representativo da resistência Afro Brasileira através de suas viagens entre a África e o Brasil como ponto de emancipação da África rumo à Cultura do Candomblé e da religião de Matriz Ketou Nagô na Bahia.

Foi em 1937, com a Exposição Universal*[2] de Paris e a emoção cultural desta exposição mostrando ao mundo “moderno” o choque das civilizações com a existência de outros modos de vida possível.

Através da prática experiente da fotografia, foi aos 35 anos que Pierre Verger com este mundo chegando na porta dele que ele construiu a sua viagem iniciática ao mundo colonial do período pré-guerra.

Já frequentava festividades "das Antilhas Francesa" na capital e já estabelecido desde a década de 1920, os anos loucos*(3), na moda parisiense com o Jazz, Joséphine Baker e os bailes Negros.

Se em 2024, a cidade de Paris acolherá os jogos olímpicos*[3] num clima de guerra, crises identitárias e de extremismos crescentes.

Espero que esta seja a efervescência da Negritude*[4] internacional que ira servir de exemplo esta vez ao “velho mundo”.

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[1] Pai Balbino :  Artigo epistemológico do livro : " A resiliência de um viajante de sapatos prateados", Edi. Connaissances & Savoirs,

[2]  Exposição Universal Internacional e Colonial entre 1889 e 1937:
Entre 1889 e 1937, a exposição "d'outre-mers" francesa atingiu o seu auge. Na França continental, várias exposições universais parisienses e numerosas feiras provinciais refletem as preocupações coloniais dos círculos políticos e económicos.
As feiras expositivas de Nantes em 1904 e de Orléans em 1905 abriram espaço para as colônias africanas graças à presença de uma “Aldeia Negra”. O cenário exótico da aldeia deve realçar o interesse comercial das colônias e inscrever a sua necessidade nas mentalidades francesas.
Habitantes estereotipados foram recriados. Eles são recebidos por grupos de Africanos que vieram à França para a ocasião.
Estes mostram a diversidade das suas atividades artesanais sob a forma de uma sucessão de pinturas vivas, bem como da vida quotidiana, pontuada por cerimônias religiosas e familiares. Assim, os Africanos aparecem como atores.
Num quadro sociocultural reconstituído e artificial, eles representam as suas próprias vidas diante de espectadores Europeus nos quais os preconceitos estão fortemente ancorados.

[3] os loucos anos 20 : No final da Primeira Guerra Mundial, um movimento de euforia e libertação invadiu a França. O povo francês redescobre o prazer de divertir-se e toda a sociedade recupera o interesse pela cultura. A década de 1920 se tornou a louca década de 20, sinônimo de emoção e entusiasmo. Artistas e pintores voltaram ao centro das atenções e, impulsionados por uma nova dinâmica dos Estados Unidos, revolucionaram o ambiente cultural pré-guerra. A loucura da década de 1920 foi caracterizada por muitas novidades, como o surgimento do jazz, do rádio e do cinema. A exuberância se estabelece como modo de vida, é a era de Joséphine Baker, do Art Déco, das criações de Coco Chanel. Conquistados por esta onda de euforia criativa e libertadora, muitos americanos aproveitaram esta atmosfera amigável e decididamente moderna antes de regressarem a um país vítima da proibição e do conservadorismo. Os loucos anos 20 terminarão com a crise de 1929 e a quebra da bolsa de valores de Wall Street, que também terá repercussões em toda a Europa.

[4] Os jogos olímpicos : Os jogos olímpicos (JO), também chamados de jogos olímpicos modernos, por dar continuidade à tradição dos jogos olímpicos da Grécia antiga, são grandes eventos esportivos internacionais, reunindo esportes nos quais participam milhares de atletas por meio de competições diferentes a cada quatro anos.

[5] Negritude : (do francês Négritude) foi originalmente uma corrente literária que agregou escritores Negros de países que foram colonizados pela França. Os objetivos da Negritude eram a valorização da cultura Negra em países africanos ou com populações Afro-Descendentes expressivas que foram vitimas das opressão colonialista. Mais tarde o termo foi apropriado pelos movimentos Negros para sinalizar valores ligados à sua etnia, cultura, história, conscientização e empoderamento.

 

@Ogan Fabien com seus colaboradores da Editora : "Connaissances & Savoirs" e "Edilivre" em Paris -

 

Rio Vermelho CP 2102 41950-970 Salvador – Bahia – Brasil +55 (71) 9993 42484 horta.fatumbi.fabi@gmail.com

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