4. Ogans, festas de Oxalá, Ilê Axé Opô Aganju, 2022

Este ano no Ilê Axé Opô Aganju, Lauro de Freitas, Salvador, Bahia, comemoramos os 50 anos deste terreiro de Candomblé da Nação Ketu Nagô do Babalórixa Pai Balbino de Paula, Obarayí. Por ocasião do seu calendário religioso durante os 16 dias de festas de Oxalá, entre o 27 de outubro & o 14 de novembro de 2022, @Ogan Fabien oferece o relato da sua leitura deste momento litúrgico no momento dos 50 anos de iniciação de Mãe CiCi & Mãe Nininha.
Que Deus, os Orixás & as forças da ancestralidade nos abençoe sempre.
Axé

 

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 As festas de Oxalá, um exemplo descritivo do calendário religioso ritual

Sexta-feira é o dia da semana no Brasil que é consagrado a Oxalá, os Asé do deus são retirados de seu peji e levados em procissão até uma pequena cabana feita de palmas trançadas, simbolizando a viagem de Oxalufã* e seu aprisionamento.

A sexta-feira seguinte, ou seja, sete dias depois, representando os sete anos de encarceramento, é chamada de “as águas de Oxalá” e elas designam as águas para lavar Oxalá. Todos os que fazem parte do terreiro têm a obrigação de estarem presentes. Vêm na véspera, na tarde de quinta-feira fazer um Bori, uma oferenda de noz de cola, obi, para a cabeça, para que esta esteja em estado de pureza para a cerimônia do dia seguinte. A partir desse momento, o silêncio é observado até o dia seguinte de manhã.

Todos os participantes vão, bem antes do amanhecer, procurar a água de Oxalá, vestidos de branco e com a cabeça coberta com um Ojá branco. Formam uma longa fila que caminha em silêncio, precedida por uma das mais antigas mulheres consagradas à Oxalá, esta última agitando sem cessar um sininho de metal branco chamado Adjá. Assim vão três vezes à fonte sagrada. As duas primeiras vezes, a água é vertida nos axés de Oxalá. Esta parte do ritual é feita como lembrança dos súditos do Rei Oyo, que foram em silêncio, vestidos de branco, procurar a água para lavar Oxalufã. A terceira vez, com o raiar do sol, os potes cheios de água são arrumados em torno do axé de Oxalá. A interdição de falar é suspensa, cânticos acompanhados pelo ritmo dos tambores ressoam entre os iniciados de Oxalá em testemunho da satisfação do Deus. No domingo seguinte acontece uma cerimônia de pouco importância, mas um domingo depois, uma procissão leva de volta os axés de Oxalá em seu Peji, simbolizando o retorno de Oxalufã a seu Estado. O terceiro domingo, concluindo o ciclo das cerimônias, é chamado “Pilão de Oxaguiã*”, que lembra as comidas preferidas do deus. Distribuição de comidas são feitas em seu nome para festejar o retorno de seu pai. Nesse dia, uma procissão leva ao Barracão pratos contendo inhames pilados e milho cozido sem sal nem azeite de dendê, mas como manteiga de karité. ISAN, “bastões de Atori” (espécies de cipós rígidos, como uma espécie de bastão) são entregues “aos Oxalás” manifestados, às pessoas ligadas ao terreiro e aos visitantes de marca. Uma roda se forma então com dançarinos que passam, curvados diante dos Oxalás que os golpeiam de leve com o bastão. Existe sem dúvida, nessa parte do ritual, reminiscências das bastonadas de Egigbó, no dia da festa de Oxaguiã.

                                                            - "A resiliência de um viajante de sapatos prateados"*, EDILIVRE, 2021, pp195

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* Pierre FATUMBI Verger

Rio Vermelho CP 2102 41950-970 Salvador – Bahia – Brasil +55 (71) 9993 42484 horta.fatumbi.fabi@gmail.com

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